Na Sérvia, contra as donas da casa, equipe calou quase 20 mil pessoas no ginásio, neste domingo (22)
Seleção Brasileira Feminina de Handebol |
Codó (MA) - União. A palavra que já colocou
muitas equipes no pódio é a que melhor descreve as razões pela qual o
Brasil conquistou a primeira medalha em Mundiais na história do
handebol, neste domingo (22). O que se viu no pódio em Belgrado, capital
da Sérvia, foi uma equipe concisa e que lutou junta do início ao fim
pela conquista de um sonho. Com uma histórica vitória contra as donas da
casa, por 22 a 20 (13 a 11 no primeiro tempo), o País escreveu seu nome
entre as grandes potências da modalidade e foi o primeiro das Américas a
conseguir este feito. A Dinamarca ficou com o bronze, depois de virar o
placar contra a Polônia, para fechar o jogo em 30 a 26 (12 a 15).
A Arena Kombank, palco da
decisão, tinha quase 20 mil pessoas nas arquibancadas, mas no Brasil, a
repercussão da campanha brasileira foi tanta, que milhões de pessoas
estavam acompanhando as transmissões e também pela internet. No ginásio,
a torcida ensurdecia a cada gol da Sérvia e fazia muita pressão no
ataque brasileiro. Nada adiantou, pois esse era o dia das brasileiras em
quadra. Sem demonstrar nervosismo, as atletas foram calmas e maduras
nos momentos de decisão.
Fernanda abriu o placar pela
ponta esquerda. Já nos primeiros contra-ataques sérvios, Babi defendeu
três bolas perigosas. Do outro lado, a defesa da Sérvia também voltou a
funcionar e a goleira Jovana Risovic fechou o gol, facilitando o
contra-ataque das adversárias, que acabaram passando à frente com cerca
de dez minutos de jogo. Depois de muito tempo com o marcador equilibrado
e um gol para cada lado, o Brasil conseguiu voltou à liderança e, com
uma cobrança de sete metros de Alexandra Nascimento, recuperou os dois
gols de vantagem.
As brasileiras voltaram muito bem
para o segundo tempo e chegaram a abrir cinco gols, mas a Sérvia reagiu
e voltou a encostar, principalmente com ataques da armadora Sanja
Damnjanovic. O restante do jogo foi uma guerra e quem errava menos
levava vantagem. Quando conseguiu passar dois gols à frente, o Brasil
passou a controlar a partida sem muitas dificuldades. Mesmo com a
pressão sérvia, seguiram tranquilas até terminar com a vitória. Os
gritos e choro em quadra calaram toda a torcida das donas da casa.
O Brasil fez uma campanha
impecável até a conquista dessa medalha. Este ano, a equipe disputou 19
jogos, entre oficiais e amistosos, e perdeu apenas dois deles. Na
competição, terminou a primeira fase invicto, com vitórias sobre
Argélia, China, Sérvia, Japão e Dinamarca. A chave era considerada uma
das mais difíceis do Mundial, tanto é que três dos semifinalistas faziam
parte deste grupo B. Nas oitavas de final, eliminou a Holanda, nas
quartas derrotou a Hungria e nas semifinais passou novamente pela
Dinamarca.
O técnico Morten Soubak destacou
novamente o empenho e dedicação de toda a equipe. "Estou muito feliz e
orgulhoso. Tinha dito antes que queria colocar uma medalha no peito
delas. Esse era o meu sonho. Estávamos trabalhando para realizar esse
sonho e conseguimos. Estou orgulhoso do trabalho que foi feito e como
foi feito. A dedicação que as meninas mostraram, não tenho palavras para
descrever. É uma coisa sem explicação. Dá para escrever um livro. Muito
Países não acreditavam que podíamos chegar até lá. Agora mostramos com
autoridade a todo mundo que somos capazes."
Para a capitã, Fabiana Diniz, a
Dara, esse é o início de um novo tempo para a modalidade no País. "Esse
título para nós é o início de uma geração de conquistas do Brasil pelo
Mundo. Conseguimos crescer dentro da competição e mostrar em quadra o
que é vestir essa camisa do Brasil. Sabíamos que tinha muita gente
acreditando em nós. Nós não duvidamos nunca, mas sempre estivemos com o
pé no chão, mostrando dentro de quadra."
A paulista de Guaratinguetá (SP)
completou dizendo que a festa vai durar muito tempo. "Hoje, quando
entramos, eu disse para as meninas imaginarem o ginásio ouvindo o nosso
hino. Agora vamos disfrutar a vitória, celebrar o máximo que a gente
puder. Foi merecido."
A armadora Eduarda Amorim, a
Duda, foi eleita a melhor atleta de toda a competição, desbancando
algumas favoritas, com uma defesa excepcional e um ataque bastante
eficiente, mostrando que é uma atleta completa. "Quando zerou o
cronômetro, sai toda aquela pressão. É uma satisfação enorme por um
trabalho bem feito. É uma sorte muito grande ter uma medalha em uma
carreira tão curta como é a nossa. Somos merecedoras. Sei o quanto todo
mundo trabalha para isso."
A goleira Bárbara Arenhart, a
Babi, foi eleita a melhor em sua posição no campeonato. "Não sei nem o
que dizer. Só estou feliz demais e só quero abraçar minha família agora.
Eu não imagino a mobilização no Brasil, porque nem a gente acredita
ainda. Prêmio individual para mim não é importante. O que importa é essa
medalha", disse, ao final do jogo, muito emocionada.
Outro destaque individual foi a
ponta direita Alexandra Nascimento, que terminou como segunda na
artilharia do campeonato, com 54 gols. A primeira foi a alemã Susann
Müller, com 62.
O presidente da Confederação
Brasileira de Handebol (CBHb), Manoel Luiz Oliveira, frisa a importância
desse título para a modalidade no cenário internacional. "Esse título
significa algo fantástico, que já estávamos esperando há algum tempo.
Estávamos a cada dia que passava nos aproximando. Era para ter
acontecido no Brasil em 2011. Por fim, aconteceu aqui. Estamos focados
na nossa preparação e contando com um apoio muito grande dos nossos
patrocinadores, os Correios e o Banco do Brasil, e do Ministério do
Esporte. Temos um ciclo olímpico pela frente e toda a preparação visa a
conquista da nossa primeira medalha em uma Olimpíada, em 2016. Estou
muito feliz. Esta é a segunda vez que um País não Europeu conquista um
Mundial Adulto Feminino. O primeiro foi a Coreia em um passado muito
distante. Então, o Brasil, definitivamente marcou seu nome na história",
comemorou.
Fonte: Confederação Brasileira de Handebol.
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